A produção industrial brasileira avançou 7% em maio, na comparação com abril, conforme divulgou nesta quinta-feira (2) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A alta vem após dois meses seguidos de queda e de um tombo recorde em abril (-18,8%).Embora tenha sido a maior alta já registrada pela pesquisa para um mês de maio, o avanço eliminou apenas parte das perdas acumuladas desde o início da pandemia de coronavírus.Na comparação com maio de 2019, houve queda de 21,9%, sétimo resultado negativo seguido nesse tipo de comparação e a segunda queda mais elevada desde o início da série histórica, atrás apenas do resultado de abril (-27,3%).No ano, a indústria acumulou queda de 11,2%. Em 12 meses, o recuo é de 5,4%, o mais intenso desde dezembro de 2016 (-6,4%).Com a leve recuperação em maio, o patamar da produção industrial brasileira está 34,1% abaixo de seu pico histórico, alcançado em maio de 2011.Alta em 20 dos 26 segmentosEntre os segmentos de atividades, o crescimento frente ao mês anterior foi generalizado, alcançando todas as grandes categorias econômicas e com alta em 20 dos 26 ramos pesquisados.“As atividades foram impulsionadas, em grande medida, pelo retorno à produção (mesmo que parcialmente) de unidades produtivas, após as interrupções da produção ocorridas em várias unidades produtivas, por efeito da pandemia”, afirmou Macedo.Outros destaques positivos foram os segmentos de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (16,2%), que voltou a crescer após acumular perda de 20,0% em três meses consecutivos de taxas negativas, e bebidas (65,6%), que eliminou parte da redução de 49,6% acumulada nos meses de março e abril de 2020.Entre as atividades que permaneceram no vermelho em maio, destaque para indústrias extrativas (-5,6%), celulose, papel e produtos de papel (-6,4%) e perfumaria, sabões, produtos de limpeza e de higiene pessoal (-6%).Resultado por grandes categoriasEntre as grandes categorias econômicas, ainda em comparação com abril, os maiores avanços foram na produção de bens de consumo duráveis (92,5%) e em bens de capital (28,7%), com ambos interrompendo dois meses seguidos de queda e marcando as altas mais elevadas desde o início de suas séries históricas. Apesar dos resultados positivos elevados, os segmentos também se encontram bem abaixo do patamar de fevereiro: -69,5% e -36,1%, respectivamente.bens de consumo duráveis: 92,5%bens de capital: 28,7%bens de consumo semi e não-duráveis: 8,4%bens intermediários: 5,2%Cenário de recessão e perspectivasA avaliação dos analistas é que o pior da crise pode já ter ficado para trás, mas a recuperação das perdas deverá se dar de maneira muito gradual em meio aos impactos da pandemia do coronavírus na economia brasileira e mundial.Em junho, a confiança da indústria aumentou 16,2 pontos em junho, alcançando 77,6 pontos, segundo indicador da FGV. Apesar da segunda alta consecutiva, o índice recuperou apenas metade dos 39,3 pontos perdidos entre março e abril.O Comitê de Datação de Ciclos Econômicos (Codace), da Fundação Getulio Vargas (FGV), avalia que o Brasil entrou em recessão já no 1º trimestre, sem ter recuperado todas as perdas da recessão de 2014-2016.A pesquisa Focus mais recente do Banco Central mostra que a expectativa do mercado é de retração de 6,54% para a economia brasileira este ano, indo a um crescimento de 3,50% em 2021.Já o Fundo Monetário Internacional (FMI) projeta que a economia brasileira irá recuar 9,1% neste ano. Se confirmada as previsões, o tombo da economia brasileira deverá ser o maior em 120 anos, pelo menos.<br/><b>G1</b>