Os preços ao produtor no Brasil renovaram a maior alta da série histórica em agosto, em um resultado que se deve principalmente à elevação no custo dos alimentos e das atividades relacionadas ao refino de petróleo e biocombustíveis, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira (29).O Índice de Preços ao Produtor (IPP) subiu 3,28% em agosto após alta de 3,22% em julho, quando já havia atingido o maior nível da série histórica iniciada em janeiro de 2014.Após o 13º aumento mensal consecutivo, o IPP acumula avanço de 10,80% no ano e a inflação em 12 meses chegou a 13,74%.O IPP mede a variação dos preços de produtos na “porta da fábrica”, sem impostos e frete, de 24 atividades das indústrias extrativas e da transformação.IGP-M: índice que corrige o aluguel dispara para 4,34% em setembroOs dados mostram que, pela primeira vez, todas as 24 atividades pesquisadas apresentaram alta nos preços, segundo o IBGE.A atividade de alimentos, que tem o principal peso no índice geral, passou a subir 4,07% em agosto, registrando a maior variação desde março (4,23%)."Foram quatro produtos que mais impactaram o resultado da indústria alimentar: farelo de soja, óleo de soja, arroz descascado branqueado e leite esterilizado UHT longa vida”, explicou o gerente do IPP, Manuel Campos Souza Neto, em comunicado.“O arroz e os produtos de soja são também influenciados pelos preços do mercado externo, pois também são exportados", completou.A alta de 6,24% do preço do refino de petróleo e produtos do álcool na comparação com julho também se destacou no mês, no terceiro mês consecutivo de alta.Risco de repasses ao consumidorO fato da inflação ao produtor ter disparado nas últimas leituras acendeu o alerta quanto a repasses para os consumidores.O Banco Central reconheceu um descolamento grande entre a inflação ao produtor (IPA), mais alta, e ao consumidor (IPCA), mais baixa, com a diferença observada em agosto tendo sido a maior desde 2003 considerando variações em trimestres móveis, e indicou que deverá haver algum repasse ao IPCA à frente.Mas o presidente da autarquia, Roberto Campos Neto, afirmou que o BC tem posição de absoluta tranquilidade em relação à inflação, reconhecendo que há pressão no curto prazo, mas sem perspectiva de que transborde para os anos à frente.Os economistas do mercado financeiro voltaram a estimar inflação acima de 2% para 2020 — algo que não acontecia desde o final de abril, segundo boletim Focus do Banco Central divulgado nesta segunda-feira. Para o IPCA, a estimativa agora é de uma alta de 2,05% no ano. A expectativa, porém, segue abaixo da meta central, de 4%, e também do piso do sistema de metas, que é de 2,5% em 2020.<br/><b>G1</b>